NOTÍCIAS DA HORA
Geraldo Ribeiro
No começo de fevereiro, a Prefeitura do Rio identificou 40 linhas de ônibus que sumiram das ruas da cidade. A Secretaria Municipal de Transporte enviou ofício aos consórcios determinando a volta desses itinerários, na ocasião, sob ameaça de multa. O prazo para que metade dessas linhas volte a circular termina nesta terça-feira, dia 30. Foram consideradas de prioridade alta. As outras 20 têm prazo até 30 de abril. Mas, segundo relatos de passageiros, não há nem sinal nas ruas de mais da metade das que deveriam voltar a circular até esta terça. E, as poucas que voltaram estariam rodando com frota reduzida e intervalos irregulares, segundo esses usuários.
— Nenhuma desta linhas que deveriam retornar apareceu até agora. O que já era ruim ficou pior.Várias linhas deixaram de circulam bem antes da pandemia da Covid. A linha 398 (Campo Grande—Tiradentes) sumiu desde o fim de 2019, sendo que era a única que atendia os passageiros que pretendiam ir para o Centro. A 850 não circula desde o começo de 2020 e para os passageiros só restaram as vans que não aceitam gratuidade e ainda levam passageiros em pé. A SE17 criada por conta do fechamento das estações do BRT Transoeste deixou de circular, do mesmo jeito que a 833 — se queixa Leandro Silva, 35 anos morador de Campo Grande.
Um abaixo-assinado on-line, com mais de 1.100 assinaturas até a tarde desta segunda-feira cobra a volta da 398, que liga Campo Grande ao Centro. Para fazer esse trajeto atualmente, os moradores do bairro da Zona Oeste têm como opção frescões, cuja tarifa é de R$ 15.
Algumas linhas até deram o ar da graça nas ruas depois da determinação da prefeitura, mas voltaram a sumir. É o caso da 010, que liga o Bairro de Fátima à Central do Brasil, passando pela Rua 1º de Março e Avenida Presidente Vargas. Berenaldo Lopes, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Centro Residencial, região que inclui Bairro de Fátima e Cruz Vermelha, contou que a última vez que viu o coletivo que cobre esse itinerário foi há mais de 20 dias.
— Apareceu, mas sumiu de novo. É uma linha importante que faz a ligação do Bairro de Fátima com o Centro. Temos outras opções, mas não fazem o mesmo itinerário. A 238, por exemplo, só vai até a Praça Quinze. É uma linha que levava o pessoal para trabalhar e fazer compras. Aqui também tem muitos idosos que estão sendo prejudicados. As pessoas estão sendo obrigadas a recorrer aos carros por aplicativo. Antes da pandemia já era ruim e o 010 não circulava aos sábados e domingos, Depois dela, desapareceu de vez e virou um inferno — disse Berenaldo.
Acostumado ao descaso, o professor Thiago Cruz, de 28, morador em Sepetiba, não acredita na volta das linhas prometidas. Pela programação da Prefeitura a 870, que liga o bairro ao BRT de Santa Cruz, deveria voltar às ruas até esta terça-feira. Mas segundo o morador, até o momento não há o menor sinal de que isso vá acontecer. E, mesmo que retorne, o morador não acredita que será por muito tempo.
— Nada mudou, só piorou. As linhas que sumiram, entre elas a 870, continuam desaparecidas. Sepetiba está vivendo um colapso total no transporte. Percebemos um descaso com os moradores. Continuamos sem conexão entre os bairros. Para chegar em algumas localidades precisamos fazer muita baldeação. Já tivemos muitas linhas, com destino a Coelho Neto e a Cascadura, por exemplo, mas hoje só contamos com as 884 3 898 para Campo Grande que rodam com frota reduzida e sem hora certa para passar. Isso acaba isolando o bairro do resto da cidade — reclamou o professor Thiago Cruz, de 28 anos, morador em Sepetiba.
Em Cavalcante, a 651 continua fazendo falta para moradores como Karen Emanuele de Araújo, de 28 anos. A linha desapareceu desde meados do ano passado, quando a empresa Estrela fechou as portas. O itinerário deveria ser assumido pelo Consórcio Transcarioca, mas não foi isso que aconteceu e os passageiros ficaram entregues à própria sorte. A 652, que era da mesma empresa e também sumiu tem prazo até 30 de abril para retornar às ruas.
— Até agora nada. É uma linha que faz muita falta — lamenta Karen, sobre o desaparecimento da 621.
De acordo com o relato de passageiros, algumas linhas até são vistas nas ruas, mas com frota reduzida e intervalos muito longos, Segundo os usuários, esse seria o caso das 778 que estariam circulando com um único carro, quando a frota determinada pela SMTR é de 40 coletivos. Eles se queixam também de irregularidade nos intervalos das linhas 693, 507, 014 e 448.
A SMTR confirmou que os prazos estão valendo e que o descumprimento pode dar em multa de R$ 1.926,75, por linha não operada. Segundo a secretaria, o sistema de GPS permite o mapeamento e o monitoramento da frota em operação para verificar se o número de ônibus é o que está determinado para cada linha, se houve redução e quais linhas não estão em operação.
O Rio Ônibus, sindicato que representa os consórcios, informou que, cientes do prazo as viações enviaram ofício à prefeitura, na última sexta-feira, “relatando as dificuldades de equalização do serviço operacional, frente à determinação de novas medidas de isolamento social e restrição de atividades econômicas.” Na nota dos consórcios se queixam ainda que desde o início da pandemia, amargam uma redução de 500 milhões de embarques nos ônibus.
Confira a seguir, os prazos dados pela prefeitura aos consórcios para que as linhas desaparecidas retornem às ruas:
Até 30 de março (Prioridade alta)
007 (Silvestre-Central, circular)
010 (Fátima-Central, circular)
014 (Paula Matos-Castelo, circular)
303 (Rodoviária-Barra da Tijuca, via L. Amarela, circular)
342 (Jardim América-Castelo)
376 (Pavuna-Candelária, via Rua Mercúrio)
385 (Village Pavuna-Passeio, via Camboatá)
398 (Campo Grande-Tiradentes, via Av. Brasil)
448 (Maracaí-São Conrado, circular)
507 (Largo do Machado-Silvestre)
651 (Méier-Cascadura, via Arquias Cordeiro, circular)
693 (Méier-Alvorada, via Dias da Cruz e L. Amarela)
702 (Praça Seca-Madureira, circular)
773 (Cascadura-Pavuna, via Camboatá, circular).
778 (Cascadura-Pavuna, via Estrada de Botafogo, circular)
781 (Cascadura-Marechal Hermes, via Praça Seca, circular)
833 (Conjunto Manguariba-Campo Grande)
850 (Mendanha-Campo Grande)
870 (Sepetiba-Santa Cruz, circular)
SE17 (Campo Grande-Santa Cruz, via Cesário de Melo)
Até 30 de abril (Prioridade média)
213 (Muda-Candelária, circular)
217 (Andaraí-Carioca, circular)
277 (Rocha Miranda-Candelária, via São Cristóvão) circular
311 (Engenheiro Leal-Candelária, via Cavalcanti)
422 (Grajaú-Cosme Velho)
498 (Circular da Penha-Largo do Machado, via Sta. Bárbara)
517 (Gávea/PUC-Glória, via Fonte da Saudade, circular)
581 (Leblon-Cosme Velho, via Copacabana, Urca e Largo do Machado, circular)
652 (Méier-Cascadura, via Lins, circular)
782 (Cascadura-Marechal Hermes, via Rocha Miranda, circular)
813 (Manguariba-Santa Cruz, circular)
822 (Corcundinha-Campo Grande, via Vila Nova, circular)
823 (Campo Grande-Recreio, via Estrada do Pontal, circular)
825 (Campo Grande-Jesuítas, via Santa Cruz-circular)
855 (Bangu-Magarça, via Av. Santa Cruz, circular)
856 (Terminal Centro Olímpico-Terminal Taquara, via André Rocha)
891 (Sepetiba-Mato Alto, via Praia da Brisa, circular)
922 (Tubiacanga-Aeroporto Internacional, via Light, circular)
928 (Marechal Hermes-Ramos, circular)
963 (Sta. Maria-Taquara)
Confira a nota da SMTR, na íntegra:
"Por meio do monitoramento de dados de GPS dos ônibus que circulam pela cidade, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), em parceria com as subprefeituras, fez um levantamento e identificou que 40 linhas de ônibus consideradas de alta e média prioridade para a população estavam com a operação reduzida ou zerada. Os consórcios foram notificados. As de alta prioridade devem retornar até o dia 30/03 e as de média prioridade, até o dia 30/04. Em caso de descumprimento, as empresas podem ser multadas em R$ 1.926,75, por linha não operada, sempre que for constatada a irregularidade. O sistema permite o mapeamento e o monitoramento da frota em operação para verificar se o número de ônibus circulando é o que está determinado para cada linha, se houve redução e quais linhas não estão em operação. As informações foram cruzadas com as principais reclamações de passageiros de cada área para a montagem do plano de retomada dessas linhas. Cabe ressaltar que, em relação à outras linhas que deixaram de operar e não entraram na lista de alta e média prioridade para voltarem a circular até o final de abril, a SMTR determinou aos consórcios que justifiquem os motivos da falha na prestação do serviço e que apresentem um cronograma de retorno."
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