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Giuliana de Toledo e Ana Letícia Leão
O primeiro caso de Covid no Brasil provocado pela variante sul-africana do vírus Sars-CoV-2 foi identificado na cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, anunciou o governo paulista nesta quarta-feira.
A informação foi confirmada por Paulo Menezes, médico que é coordenador do Centro de Contingência para a Covid-19 no governo Doria.
— Ela é nova no Brasil. Não temos ainda mais detalhes sobre esse caso — disse ele, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, no começo da tarde.
Segundo a TV TEM, afiliada da Globo na região de Sorocaba, a nova cepa foi detectada em uma mulher de 34 anos. O monitoramento dos familiares está a cargo da vigilância sanitária do município.
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, contou que a análise do material genético da amostra do vírus foi concluída na terça-feira. O trabalho faz parte de uma parceria da instituição com uma rede de laboratórios no estado.
— É uma variante assemelhada à variante da África do Sul, embora não haja histórico de viagem ou de contato com viajantes da África do Sul. Portanto, existe também a possibilidade de que seja já uma evolução da nossa P1 [variante brasileira identificada primeiro em Manaus, no Amazonas] em direção a essa nova mutação da África do Sul — contou Covas, que explicou que a descrição completa da linhagem ainda será feita pelos pesquisadores.
A análise preliminar, disse Covas, mostra que há "assinaturas um pouco diferentes da variante original [da África do Sul], o que indica uma provável origem local mesmo, a partir da variante P1".
O diretor afirma que será preciso também determinar a incidência dessa variante, ou seja, entender se é um caso isolado ou não, para então estabelecer se serão necessárias novas medidas de contenção.
A linhagem da África do Sul (B.1.351), assim como a de Manaus (P1) e a do Reino Unido (B.1.1.7), é uma "variante de preocupação", como classificam os cientistas, por estarem associadas a explosões de casos nos territórios em que foram identificadas em grande proporção.
Suas mutações podem estar ligadas a uma maior transmissibilidade da doença, assim como a maior adoecimento e mortalidade. Essas hipóteses ainda estão em estudo pelo mundo.
Outro receio dos cientistas é o de que essas linhagens possam "escapar" da proteção oferecida pelas vacinas já aprovadas e adotadas nos países. Esse ponto também está em acompanhamento. Até o momento, as novas cepas foram, no caso de alguns imunizantes, associadas a uma eficácia menor, mas não nula contra o coronavírus.
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